Etiópia, Outubro 2014
Avancei um bom bocado na direcção oposta às quedas. As únicas que o Nilo tem em todo o seu percurso de cerca de 6700 km. Chamam-lhe Nilo azul não por apresentar esta cor mas por as suas águas estarem carregadas de sedimentos que lhe confere uma cor mais escura. Mas azul torna o Nilo mais romântico.
A hora dourada já tinha acabado e o céu tingia-se de cores mais azuladas e roxas. Afastei-me da agitação das águas Caminhando ao longo das margens, evitando zonas mais enlameadas. Acerta altura estas inflectem para a direita e parei numa curva. Uma neblina derramava-se no horizonte. Irreal e etérea. Fiquei ali um pouco a admirá-la. A água reflectia as cores do céu. Três barcos estavam ancorados na margem esquerda do rio e preparavam-se para receber locais com sacos e pertences pessoais.
Apesar de abafado, mas ainda conseguia o rugir das cataratas atrás de mim. Durante estes minutos estive isolado da realidade. O pôr-do-sol tem esta magia. Põe-nos no limbo do tempo.
O guia etíope que estava já me tinha chamado algumas vezes. Parte do grupo onde eu estava e que tinha partido comigo de Bahir Dar já tinham iniciado o caminho de regresso e tive que (mesmo) que me apressar. Escurecia rapidamente e não queria ficar sozinho no trilho.
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