Crónicas da Turquia - o Sr Júlio


São 04.30h da manhã. Centro de Lisboa.
Júlio, o taxista que me levou ao aeroporto de Lisboa, dizia em tom desgostoso e simultaneamente resignado, à laia de desabafo que tinha perdido um serviço "chorudo" por troca do meu transporte. Acrescentou no entanto que tinha sido uma escolha pessoal.
A questão dizia o Sr Júlio, são os "monhés e pretos" que não lhe pagam, os bêbados que lhe vomitam o carro e os drogados que roubam o dia de trabalho.
Não me surpreendo, todos nós sabemos os estragos que a fauna nocturna das grande cidades pode fazer.
Pensei como seria Istambul, cidade onde estava a planear passar o Natal e Ano Novo.


Situada literalmente nos confins da Europa, a maior e mais importante cidade turca, não é propriamente uma daquelas cidades que mais ouvimos falar na rádio ou televisão. E, quando tal acontece por vezes os motivos não são os melhores. É sobejamente conhecido que a Turquia não é famosa pelo respeito dos direitos humanos e tem questões pendentes e com um passado algo violento no que diz respeito a Chipre e ao Curdistão. Aliás tem sido esse um dos argumentos esgrimidos para protelar a entrada da Turquia na UE.

Por isso as palavras do Sr Júlio ecoavam no meu pensamento, tentando imaginar como seria a noite de Istambul.

Cheguei. São quase 05.00h da manhã. Paguei pouco menos de 10€. O serviço perdido por opção teria valido cerca de 30€. Mas pelo menos os meus foram entregues, garantidamente era isso que ele desejava.
Retiro a mochila, agradeço ao Sr Júlio, desejo-lhe boas festas e entro no aeroporto. Istambul aguarda-me.

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