Chaminés de fadas, persas e hititas
Vastidão.
Foi esta a impressão que tive da Capadócia quando o avião na descida para o aeroporto de Nevsehir rompeu o tecto de nuvens e me proporcionou as primeiras imagens desta região da Turquia.
Recordou-me as paisagens da Patagónia (sul da Argentina) mas erradamente. Em comum apenas têm a imensidão e os espaços abertos das planícies. As suas personalidades são bem diferentes.
A Patagónia tem montanhas, glaciares, lagos e cursos de água. A Capadócia tem paisagens vulcânicas - destaca-se o vulcão Ercyes - chaminés de fadas, cidades subterrâneas e culturas milenares.
A primeira conquista-se, a segunda descobre-se.
A primeira conquista-se, a segunda descobre-se.
Viajar na Capadócia, é viajar recuando no tempo. Quer no tempo geológico quer no tempo arqueológico.
É uma viagem rural e pacata. Viaja-se através de campos de cultivo, aldeias recônditas, aromas e sabores diferentes e gente afável de passo lento.
O nome Capadócia tem origem nos persas quando estes ocuparam este território entre os séculos VI e IV AC. Os persas eram conhecidos não só pelos seus cavalos e respectiva criação, mas também pela excelência dos seus cavaleiros. Pagando inclusivamente os seus tributos em cavalos.
Assim, faz sentido que o seu nome original, Katpatukya, signifique “terra dos lindos cavalos”.
Sob acção dos elementos naturais como chuva e vento dá-se uma erosão diferencial: os materiais mais finos e macios serão erodidos enquanto os materiais mais volumosos e mais duros serão mais poupados ao trabalho de desgaste das águas de escorrência.
O que caracteriza estes materiais vulcânicos é serem macios e facilmente trabalhados. Foi isto que os Hititas (povos oriundos da Ásia Menor e Síria) descobriram quando por volta de 2000 - 2500 AC se estabeleceram na Capadócia.
Escavaram (e pintaram) a sua sociedade nesta argamassa que a natureza lhes oferecia: casas, santuários, nomeadamente o Mosteiro de Selime, refeitórios e pombais.
Ainda hoje toda a região está pontilhada por todo lado por estas escavações.
O mosteiro de Selime, Uchisar, o museu ao ar livre de Göreme, Red and Rose Valley, Çavusin, Zelve e Pasabag (Monks Valley) são locais onde se pode admirar quer o legado deste povo quer a invulgar beleza da paisagem.
Um pormenor da pintura do tecto da Igreja Escura (Dark Church/ Karanlık Kilise Kilise) escavada na rocha, que deve o seu nome devido à fraca iluminação no seu interior.
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