Crónicas da Turquia - Capadócia (II)


Cidades subterrâneas e abandono


Outra das pérolas que podemos encontrar na Capadócia são as cidades subterrâneas.

Não se tem bem a certeza do seu número mas estima-se que existam cerca de 40 cidades subterrâneas descobertas num total aproximado de 100, estando apenas 6 abertas ao público.
Destas últimas, a maior e mais profunda é Derinkuyu, com 8 níveis explorados (estando aparentemente mais 3 em fase de exploração) e atingindo 85m de profundidade.
Descoberta por acaso na década de 60, terá sido erigida entre os séculos 8 e 7 ac.




Estas labirínticas cidades com capacidade para albergar entre 2000 a 50000 habitantes possuíam tudo o que caracteriza uma cidade: caves, armazéns, mercado, estábulos, refeitórios, capelas, salas de estudo, poços de água, respiradouros, etc…
Cada um dos seus níveis pode ser isolado separadamente. Estão ligadas em comunidade, umas com as outras através de túneis de ligação.

Começaram a ser abandonadas durante o século VIII da era cristã.
O objectivo inicial terá sido a protecção contra o clima inclemente do Inverno e de ataques de animais selvagens. Posteriormente foram alargadas pelos primeiros cristãos durante o período bizantino já como refúgio contra a perseguição do império romano.




Mas fiquei com a nítida sensação que os turcos desperdiçam esta região. O vale de Göreme e o seu museu ao ar livre foi considerado património mundial da humanidade pela UNESCO em 1985 e está votada ao abandono e à mercê da vandalização desse mesmo património.

Apesar de a entrada ser paga no museu ao ar livre de Göreme e ser feita através de torniquetes, o conteúdo de mochilas e malas não é controlado e não existem guardas à entrada das escavações nas rochas ou até visitas guiadas. Santuários e igrejas têm a pintura vandalizada, raspada e as sempre presentes marcas de canivete a dizer que alguém ama muito alguém, ou as datas e o nome de quem visitou ou ainda o nome do país de origem.
É vulgar encontrar sinais de fogueiras recentes no interior destas escavações arruinando e reduzindo a manchas negras a arte rupestre que estes locais têm.
Situação semelhante está Çavusin e o Castelo de Uchisar, onde é vulgar encontrar lixo, tais como latas, garrafas de plástico e vidro, sacos de plástico, bancos velhos e escadotes.

Este desprezo, abandono e falta de manutenção deste património está bem patente não só nestes locais, mas também um pouco por toda a parte da Capadócia.
A excepção são as cidades subterrâneas que efectivamente são protegidas e estão em bom estado de conservação.
Fica a dúvida para que servirá o dinheiro que é pago nas entradas.



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