Três dias acampados numa pequena ilha algures no Delta do Okavango. Sem casa de banho, restaurantes ou televisões. Apenas os polers, um fogão de campanha, tendas e uma fogueira à noite.
Os dias neste paraíso insular usualmente começavam com o acordar bastante matinal (combinado na noite anterior) um pequeno almoço rápido e frugal e um briefing sobre as caminhadas previstas (safaris a pé) para explorar o que o Delta nos oferecia em termos de vida selvagem nesses dias.
E eis-me pronto para obter as respostas a aquilo que me questionei sempre que fiz safaris:
Como é ver a vida selvagem em pé de igualdade ? Como é ver os animais olhos nos olhos ? Como é não ter do nosso lado a tecnologia que nos protege e que nos confere superioridade artificial ?
A resposta iria ser dada mais depressa e próximo do que pensava. Um ataque simulado de um elefante alimentando-se a cerca de 20 m do acampamento bem no início de uma dessas caminhada matinais elucidou-me claramente. Na verdade, somos muito pequenos e frágeis.
A nossa reacção primária foi igual ao dos nossos antepassados há milhares de anos atrás quando confrontados com situações semelhantes: fugir.
A nossa reacção primária foi igual ao dos nossos antepassados há milhares de anos atrás quando confrontados com situações semelhantes: fugir.
Afinal, e por experiência própria, sem a tecnologia e armas sofisticadas a evolução não se fez sentir.
Cedric, o guia que conduzia o grupo foi o único que não fugiu. Talvez em termos evolutivos esteja à nossa frente uns quantos passos. Afinal o tempo joga a favor dele. Terá sido de África que Adão e Eva terão surgido em termos genéticos.
Mas o Delta não vive só de natureza e da beleza líquida da sua paisagem, dele faz igualmente parte um elemento que proporciona momentos que transcendem a própria viagem. O acordar e adormecer do nosso astro rei, o Sol.
A primeira pincelada de irrealidade seria com um nascer do sol filtrado pela poeira levantada por uma debandada de zebras.
O quadro que se pintava à nossa frente era tremendo e os nossos olhos pasmavam no que estavam a assistir.
O quadro que se pintava à nossa frente era tremendo e os nossos olhos pasmavam no que estavam a assistir.
Duas delas pararam, talvez intrigadas ou curiosas, em plena debandada e completamente imersas na poeira levantada pelas que iam à sua frente, para observar quem ousava perturbar o seu jogging matinal.
Um pôr-do-sol numa lagoa onde alguns hipopótamos se banhavam.
As proas das canoas adquiriram tons de bronze ao mesmo tempo que o sol em queda pelo horizonte recortava as silhuetas da cortina de árvores e arbustos que se interpunham entre nós e o céu incandescente.
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