Texturas de África (Zimbabwe I) - Vic Falls e Victoria Falls


A grande queda do Zambeze


Nesta viagem pela África Austral, o Zimbabwe e as cataratas Victoria Falls fundem-se. 
Foi por elas que vim até aqui.

Vic Falls é a abreviatura de Victoria Falls, pequena cidade que recebeu o mesmo nome da espantosa paisagem natural que são as Cataratas Vitória e que esta cidade dá apoio.

Não é claramente uma cidade que se possa dizer representativa do Zimbabwe. Não tem muito para oferecer. Tem um ou outro restaurante e um ou outro supermercado quase vazio. Ovos, leite e pão são artigos difíceis de encontrar. Restaurantes e bares são vários e são mais acessíveis aos turistas que à população local. Os motivos são óbvios. O poder de compra dos primeiros é bem maior que o quase inexistente dos segundos.

Mas o que a cidade realmente tem para oferecer além de um grande leque de actividades (andar de elefante, passear com leões, voos por cima das cataratas, bungee jumping, cruzeiros no Zambeze) é artesanato.

Na verdade, toda ela é um imenso mercado de artesanato proveniente dos quatro cantos de África.
Para a conhecer basta ter cerca de dia e meio, gostar muito de artesanato, ter muita paciência, ter inesgotável capacidade negocial e saber alternar entre um sorriso simpático e um firme "basta".

Quanto à moeda a utilizar é simples. Várias. Desde que não sejam dólares zimbabweanos, estes valem pouco mais que pó. Isto significa que se pode pagar com euros, dólares americanos, rands (África do Sul) ou até pulas (Botswana).

Uma boa moeda de troca, e isto é sintomático das carências deste povo, são as t-shirts, de preferência estampadas, lenços de cabeça, chinelos e luvas. Com sandálias, botas ou sacos-cama consegue-se trazer mais artesanato do que aquele que conseguimos pôr dentro de casa.

Do dia e meio que referi como sendo o suficiente para conhecer a cidade já estou incluir algumas horas para visitar o Parque Nacional Cataratas Vitória, local onde se encontram as homónimas cataratas, denominadas na língua das tribos nativas Mosi-oa-Tunya (fumo que troveja).




Já muito se escreveu sobre elas e tudo que foi escrito e descrito é verdade. Não se fica indiferente. São belas e impressionantes.
Primeiro ouvem-se e depois vêem-se. As cataratas anunciam a sua presença pelo ribombar da água em queda. Poucos metros em frente e ao som alia-se a imagem.
O resultado é inebriante para os sentidos para quem vê pela primeira vez uma queda de água desta grandeza.

O rio Zambeze nasce na Zâmbia. Mostra a sua força e imponência ao longo de uma queda com 1.7 km de largura e com uma altura máxima de cerca de 128 m.
No seu pico, o volume de água em queda aproxima-se dos 550 milhões de litros de água por minuto.

Apesar de ser relativamente pequena ela impressiona pela sua altura, impressiona pelo rugir das quedas de água e pela longa cicatriz que criou na paisagem.

Quem vira para o lado esquerdo da entrada do Parque pode admirar a estátua de Dr Linvingstone - explorador escocês que em 1855 descobriu estas cascatas e que em homenagem à sua rainha lhes chamou Vitoria.
Tem igualmente uma incrível visão para os últimos metros que a água percorre antes de se precipitar no vazio e tem por fim umas (muito escorregadias) escadarias que conduzem a um belíssimo miradouro inferior que proporciona uma vista bem molhada para a garganta das cascatas.

Para o lado direito da entrada, está a parte principal do Parque com trilhos que nos podem levar mesmo a sentir a vertigem da altura e a olhar directamente para o "monstro".

Uma parte destes trilhos estão cobertos por uma luxuriante floresta tropical. Esta peculiar floresta é resultado da humidade permanente que aqui existe com origem na neblina que é criada pela vaporização da água em queda.
Na extremidade destes trilhos encontra-se a Ponte das Cataratas Vitória ou Ponte Arco-Íris.




Concebida por Cecil Rhodes e inaugurada em 1905 por George Darwin, filho de Charles Darwin, foi inicialmente uma ponte ferroviária e tinha por objectivo unir o Zimbabwe e a Zâmbia. 
Função que ainda hoje desempenha, mas desta vez sendo cruzada por automóveis e utilizada para um muito comercial bungee jumping que segundo dizem é um dos maiores do mundo em queda.



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