Belize, Caye Caulker (III) - uma poderosa gota de água


Reflexões

Tal como aconteceu no PN Etosha na Namíbia ou no Delta do Okavango no Botswana e na reserva marinha Hol Chan do Belize tive o privilégio de presenciar as vidas de animais que connosco partilham este planeta, ao vivo e in loco.
São três experiências que me marcaram para a vida. Fizeram-me reflectir.

Foram sentidas de uma forma muito pura.
Não foram filtradas por um ecrã de televisão ou por uma voz em off com boa dicção. Não estiveram separadas por milhares de quilómetros e nem foram interrompidas por longos minutos de publicidade. Os cheiros foram reais, os sons são puros e os contactos visuais verdadeiros. Quebram completamente com a nossa asséptica e formatada experiência do dia a dia. Dão-nos outra perspectiva do planeta.
Sentimos literalmente que vivemos num planeta belo, pleno de biodiversidade, cheio de vida. Com cantos e recantos que nos envolvem em fascínio e encanto.
A Terra é um imenso recipiente cheio de vida. Apesar de podermos verdadeiramente arrasar com tudo à nossa volta, enquanto espécie somos apenas mais uma. Somos uma pequena, mas poderosa gota de água num oceano de vida.

Podemos modelar este planeta praticamente a nosso bel-prazer. Mas este poder traz um preço. Um preço que provavelmente já estaremos pagar. Inundações de grande escala, ondas de calor e de frio, avanço dos desertos, aumento exponencial das espécies em risco de extinção e recuo drástico dos glaciares um pouco por todo o mundo dão indicações que esse pagamento está em curso.
Existe a dúvida entre quem discute estes temas se as alterações climáticas estão ser provocadas por nós ou se pura e simplesmente fazem parte de um ciclo ambiental para nós ainda desconhecido e compreendido. Pelo sim e pelo não, eu sou pela primeira hipótese.

Desde que a Humanidade entrou na Era da Industrialização, na segunda metade do sec. XVIII, que a nossa influência, a consequência e abrangência dos nossos actos aumentou fortemente. Os primeiros sinais de alterações climáticas começaram a serem notados depois deste passo tecnológico. Tornámo-nos globais. O mundo tornou-se mais pequeno e a Humanidade agigantou-se.
Com isto devíamos ter-nos tornado mais conscientes e responsáveis, mas não. Tornámo-nos ecologicamente mais arrogantes, mais exigentes e mais destruidores.
Como na fábula de La Fontaine arriscamo-nos a matar a galinha de ovos de ouro, arriscamo-nos cada vez mais a matar aquilo que simultâneamente nos sustenta e nos deslumbra. É uma guerra perdida, sem vencedores, o que nos coloca de imediato como derrotados.

Enquanto vida tecnologicamente mais avançada, temos a obrigação e responsabilidade de respeitar e proteger o ambiente e as formas de vida que convivem connosco. Ao fazê-lo, estamos também a cuidar de nós e do que é nosso.
Esta é uma lição que humildemente poderíamos aprender e aceitar. Cada vez temos menos tempo e margem de manobra para correcções e mudanças de atitude.

Não necessitamos de modelar o Planeta, talvez apenas de nos modelar, de nos harmonizar com Ele.


Comentários

  1. Poxa Pedro, Amazing essa sua experiencia!! (experiencia esta muitas vezes possíveis somente através de filmes e documentários)!!Está cada vez mais raro encontrar pessoas que se importem de fato com o meio ambiente e nossos animais. Blá blá, Blá, vemos muito por aí, tem muita gente falando em protecao, muitos países fazendo leis, mas o que vemos na realidade, é um mundo cada vez mais desmatado, poluido, queimado... espécies entrando em extincao... Tiro meu chapéu pra vc e o aplaudo com louvor!!! Bjs!!!!

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