El Salvador, Suchitoto II - Lago Suchitlan


Não saí tão cedo quanto gostaria.
A manhã ia a meio, a luz era forte, as sombras estavam curtas e sentia já a mordedura do calor. Tinha perdido a benesse da frescura matinal.
Tenho que percorrer cerca de dois quilómetros, aproximadamente meia hora para chegar ao Lago Suchitlan.
O caminho inverso, antecipo, iria ser mais longo, porque seria a subir, e também bem mais penoso, porque estaria bem mais calor.
Na mochila tinha apenas o meu cantil de litro e meio e a minha máquina fotográfica compacta estava no bolso das calças.

O lago Suchitlan é um lago artificial formado em 1973 aquando da conclusão da construção da central hidroeléctrica de Cerrón Grande e é um local por excelência para observação de pássaros.
De acordo com a informação de um pequeno guia de Suchitoto, este lago alberga cerca de 200 espécies de aves algumas delas migratórias e é o maior reservatório de água doce de El Salvador.




Chego ao Puerto San Juan, um pequeno complexo turístico com uma excelente vista para o lago com restaurantes, bares, cafés e algumas lojas de artesanato.
É daqui que se pode apanhar um barco que leva os turistas em cruzeiros e excursões pelo lago e suas ilhas.

Atravesso este espaço sentido a sua frescura e saio de novo para o calor, passo por cima de uma cerca meio destruída e caminho para o meu lado direito para a orla do lago.
A água está parada. A brisa existente é tão ligeira que não a perturba. É lodacenta com uma película viscosa de algas esverdeadas. 
As algas, alguma vegetação à tona da água aliada aos verdes azulados e alguns castanhos dos barcos dos pescadores, resulta num generalizado verde pardacento algo árido que está presente em toda a paisagem à minha volta.

Piso um misto de lama com vegetação seca e partida e uma ou outra bosta de vaca, que aliás se viam deitadas aqui e ali marcando a lama com os contornos dos seus corpos. Seguem-me com os olhos, estão desconfiadas de mim mas no entanto não se movem.

Laura de 53 anos era uma das poucas pessoas que andavam por ali. Carregava na cabeça um alguidar com algumas tilápias que tinham estado no fundo de um barco de pescadores. Pescaria de última hora.




Ela repara na minha curiosidade e no meu pescoço esticado, aponta os dedos para o peixe e diz divertida: "almuerzo".

Apesar do calor continuo mais um pouco. A paisagem mantém-se a mesma. Dois jovens pescadores arrumam algum material no interior do seu barco.
Passo por alguns barcos a remos ancorados e por outros de turismo presos na lama das margens do lago, aparentemente abandonados e a precisar de manutenção.




O lago está agora deserto e vazio. Os pássaros estão recolhidos. Até a brisa está adormecida.
A única coisa que se move agora no lago é massa de ar aquecida pelo calor do fim da manhã.
É tempo de regressar à fresca bênção do turístico Puerto San Juan.
 
Peço uma rosa da jamaica - infusão de folhas de hibisco - bem fresca para preparar o tal regresso já antecipado, que iria ser longo por ser a subir e penoso por estar mais calor.


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