El Salvador, La Palma - a arte de Fernando Llort

   
Tinha em mente as Honduras. O meu objectivo neste país era a pequena cidade de Copán e as suas ruínas Maias.
Por isso partindo de Suchitoto a minha passagem por La Palma era óbvia, uma vez que dista poucos quilómetros de El Poy na fronteira com as Honduras.
Mas La Palma interessava-me não só pela sua localização geográfica, mas porque sabia que que esta cidade tinha um charme e um encanto que a tornava única. Ela tinha sido tocada pela arte de Fernando Llort.

Fernando Llort nasce a 7 de Abril de 1949 em El Salvador. Com forte inclinação para a pintura desde criança, parte para França em 1968 onde estuda filosofia e onde começa a pintar, ruma depois para a Bélgica onde toma contacto com a teologia e termina no Estados Unidos onde estudou pintura.

Em 1973 quando regressa a El Salvador ele encontra a instabilidade política e social que mais tarde iria culminar na sangrenta guerra civil salvadorenha.




Para fugir a esta tensão social que o sufocava, Fernando Llort encontra em La Palma, uma pequena cidade pacata rodeada de montanhas, o local ideal para pintar e desenvolver a sua arte.
Desenvolve o seu estilo, aperfeiçoa-o e simultaneamente ensina às gentes de La Palma a sua arte.
Proporciona uma fonte de rendimento extra a uma população que essencialmente vive do campo.
Actualmente pensa-se que cerca de três quartos da sua população vive da venda e produção de artesanato estando a restante parte envolvida em actividades relacionadas com a agricultura.




As pinturas de La Palma são de traço simples, muito sinceras e quase infantis. Utilizam e combinam cores fortes. Retratam a natureza e o dia a dia. Vemos animais, árvores, rios, o sol, caminhos, casas, borboletas.
Tipicamente arte naif ou se preferirem a versão francófona, naive.

Graças a Llort a minha primeira impressão da chegada a La Palma é que parece ser uma colorida ilustração saída de um livro de contos para crianças.
As suas ruas, postes de electricidade, fachadas e portas das casas, hotéis e até alguns edifícios maiores estão pintadas com estes motivos e cores.




Estes motivos estão presentes não só nas ruas mas em quase tudo o que se possa pensar em comprar nas casas de "artesanias": crucifixos, porta chaves, canetas, molduras de fotografias, canecas, etc..., etc...

Para o viajante que está de passagem, justifica-se um par de horas em La Palma. O tempo necessário para calcorrear as calmas ruas desta pequena cidade e ver pinturas ao sabor de passo lentos, sem ter que pagar o preço de um bilhete e andar aos encontrões com alguém.
Para quem não tem pressa e os dias não estão muito contados, que terá as Honduras em vista ou até que vem de lá, vale a pena ficar pelo menos uma noite num hotel nesta pequena cidade.




Com sorte terá por companhia no seu quarto, um colorido pavão de cauda aberta ao lado da porta, um camponês debaixo de uma árvore bem verde pintada num canto do quarto, ou talvez um rio a passar ao lado de uma casa debaixo de um sol laranja  próximo da mesa de cabeceira.
E depois à noite, já de olhos fechados, talvez todas essas pinturas contem histórias de encantar.
Assim é La Palma.




Comentários

  1. quais a s obras de fernando

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. O museu de Fernando Llort está em San Salvador. As pinturas e os murais de La Palma, não são obra de directa de Llort, mas representam fielmente a filosofia e o estilo de pintura que foi passada por ele aos habitantes de La Palma.

      La Palma representa acima de tudo o legado de um artista e não a sua obra pessoal.

      Eliminar

Enviar um comentário