El Salvador, Suchitoto III - histórias soltas de Suchitoto


Tal como o Lago Suchitlan também para chegar à Cascata de Los Tercios é necessário caminhar cerca de dois quilómetros por estradas poeirentas.
Com sorte ou dupla sorte, se para além da ida também acontecer no regresso, há as proverbiais e providenciais pick-ups de caixa aberta que são quase sempre uma boleia garantida e que nos podem poupar tempo e pó nas botas.

Para chegar à cascata é necessário atravessar terrenos privados. Uma cancela marca essa entrada. Pode abrir-se e continuar pelo caminho, mas mandam as boas regras obter a permissão dos donos e cumprimentá-los caso os encontremos.

A Cascata de Los Tercios é uma curiosa formação geológica de origem vulcânica de colunas hexagonais de diferentes alturas, bem "arrumadas" lado a lado. Em tudo semelhante à Calçada do Gigante na Irlanda do Norte mas em ponto anão.
Como esperado a cascata estava seca. A melhor altura para a ver em acção é durante os meses de Maio a Outubro.




O mercado de Suchitoto é como todos os outros: chão húmido, meio escuro, iluminado pelas portas e por algumas janelas ripadas que deixam passar algumas luz, movimentado, pleno de cor e aromas. Caótico em pessoas e em vozes. Tudo o que um mercado deve ser e ter.
Numa pequena banca de peixe iluminada por umas frinchas de luz, num corredor que liga duas secções de mercado encontrei Joana. Ajuda aos fins de semana a mãe que vende vegetais num espaço contíguo ao seu. 
Jovem, tímida e simpática mas com um daqueles sorrisos maravilhosamente envergonhados e cheios de encanto.




São eles que gerem a Pousada Luna Blanca onde eu estava hospedado em Suchitoto.
Blanca é cordial, séria, contida, muito terra a terra, é quem toma as decisões.
É ela que gere o dinheiro da pousada, a mulher do negócio.
Fernando Pipil, assim é conhecido o seu marido, é um poeta do pensamento. É etéreo e sonhador.

Gosta de uma boa discussão que verse o Destino, a Energia, o Universo, as questões básicas e essenciais da Humanidade e é um teórico do pós morte. É de gestos amplos e dramáticos, com um sorriso espontâneo, cujos olhos rapidamente se tornam maiores no seu rosto, sinal que partiram para o infinito quando a conversa cai nos seus temas preferidos.
É também um artista orgulhoso. Faz pequenas esculturas e amuletos de jade que exporta um pouco por toda a América Central e do Sul.


 

Uma das rotinas diárias da D. Maria passa pela preparação da massa das pupusas.
A pupusa é uma espessa massa de farinha de milho espalmada à mão do tamanho de um hamburguer. Pode ser comida assim, simples como um pão ou pode ser recheada com queijo, porco frito e/ou feijão frito.
Existe uma variante, não tão comum, em que em vez de milho é usado arroz na fabricação da massa.
 



Entrar no bar do El Necio é quase fazer uma viagem ao passado.
Ambiente escuro e boémio, com fotografias nas paredes de Fidel Castro e de Che Guevara a marcar presença.
Do lado esquerdo do bar uma tela passa vídeos, mensagens e canções de intervenção da revolução que acabaria em terríveis e sangrentos doze anos (1980-1992) de guerra civil de El Salvador.
Cartazes políticos da Frente Farabundo Marti para a Libertação Nacional e de outros de apelo patriótico enquadram a época no qual o tempo parou quando se entra neste bar.




A Igreja de Santa Lucia e a sua Plaza Centenário é onde todos os caminhos de Suchitoto vão dar.
O centro do mundo para os locais e para os que lá passam.

Esta igreja de arquitectura colonial foi construída em 1853. Na verdade foi uma reconstrução. A igreja original ardeu num incêndio em finais do século XVII.




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