Irão e médio oriente - entre o Islão e o petróleo


Todo o médio oriente é mais quente que o caldeirão onde o João Ratão caiu na história da Carochinha.
Há dois factores presentes e que regem tudo o que acontece na zona mais quente do planeta. Um desde sempre, a religião, e outro mais recente, o petróleo que potencia a primeira.

Grande parte do maiores países produtores de petróleo do mundo encontram-se no médio oriente - Irão, Iraque, Arábia Saudita, Kuwait e Katar, e são todos muçulmanos

Se pensarmos que religiosamente o islamismo pode ser dividido em duas grandes correntes opostas e conflituosas entre si, xiitas e sunitas, que por sua vez cada uma dessas correntes se subdividem em outras e nem sempre de coexistência pacíficas, mais a disputa do petróleo, com enormes influências e interesses das potências ocidentais, percebe-se quanto é melindrosa e sensível esta zona do globo.



No Irão pouco mais de 90% da população é xiita. É a grande potência xiita na região do médio oriente.
Cerca de 6% são sunitas e o restantes 4% pertencem a religiões residuais: cristãos (arménios, ortodoxos, judeus, protestantes e católicos) e zoroastrianos.

Síria é maioria sunita (aprox 85%) com presidente actual (Bashar al-Assad) ser um xiita.
Bashar al-Assad é presidente por sucessão dinástica, por intermédio do pai,
Por ser xiita é apoiante e fortemente apoiado pelo Irão.
Uma parte relevante da Síria está na posse dos Daesh, que contam com a protecção da Arábia Saudita.

Iraque é de maioria xiita (aprox 65%).
Quando Saddam Hussein, um sunita, era (ditador) presidente do Iraque, deu-se um dos mais sangrentos e longos (dez anos) conflitos do médio oriente: a guerra Irão/ Iraque.
Neste momento o actual presidente do Iraque é xiita - Fuad Masom - o que torna a relação entre estes dois país pacífica.
O Iraque, que tal como a Síria, é fustigado pela presença do Daesh, conta com ajuda do Irão para os combater. Anteriormente, quando Saddam Hussein estava no poder, isto seria quase inconcebível.

No Líbano existe um grande equilíbrio de forças entre xiitas e sunitas, cerca de 30% para cada lado, mas é governado por um sunita. O que ajudaria a uma certa estabilidade social.
Mas a perturbar este equilíbrio precário está a milícia do Hezbollah que sendo xiita, torna-se um factor de desestabilização do país.
Esta organização combate os Daesh na fronteira do Líbano com a Síria e naturalmente apoia o regime sírio.
De notar que cerca de quarenta por cento da população libanesa é cristã. No entanto os muçulmanos somados, constituem a maioria religiosa com 60%.

Arábia Saudita, o maior produtor de petróleo do mundo, é esmagadormente de maioria sunita (aprox imadamente 90%) e o mais forte opositor ao governo do Irão.
Este país professa o whabismo, que teve a sua origem no pregador Muhammad ibn Abd al Wahhab,
É uma vertente radical e que interpreta o Corão, o livro sagrado do Islão de uma forma muito literal. Esta vertente condena violentamente os próprios muçulmanos que que se afastam dos princípios básicos da fé islâmica, ao não adoptar estritamente os preceito do Corão.
Foram os sauditas que de alguma formaram, inspiraram e doutrinaram o Daesh, tornando esta organização tão radical que se tornou terrorista.

O Paquistão é maioria sunita (aprox 85%) e é um dos países que recebe ajuda financeira por parte da Arábia Saudita. Através desta ajuda, a influência extremista do wahabismo chega ao Paquistão.

Os sunitas do Daesh são igualmente fortemente apoiados pela Arábia Saudita, pela capacidade de desestabilizar e eventualmente deitar abaixo os governos xiitas da Síria e Iraque.
São considerados takfiri. Adoptaram uma vertente extremamente conservadora e radical do Islão: o wahabismo.
Todos os muçulmanos que não obedeçam estritamente ao Corão, incluindo todas as religiões não islâmicas, são considerados impuros, devem ser odiados e portanto eliminados. Isto explica a extrema violência deste grupo, inclusivamente a nível interno.

Al-Qaeda é sunita, mas é bastante menos extremista que o Daesh, porque acreditam que um muçulmano é sempre um muçulmano, independentemente como este interpreta o Corão, não devendo ser acusado ou assassinado por isso.
Por isso estes movem uma guerra feroz ao Daesh, mesmo que estas duas organizações terroristas sejam sunitas.


Para além dos confrontos teológicos que unem e desunem os países do médio oriente, temos duas super potências, os Estado Unidos e a Rússia, que por via do interesse político e comercial do petróleo, apoiam através de armamento e do direito de veto que ambos têm no Conselho de Segurança da ONU, os países envolvidos nestas questões, e inacreditavelmente suportam indirectamente, ou talvez não, as organizações terroristas do Daesh e Al-Qaeda.

O caldeirão do Médio Oriente, ao invés de arrefecer com o passar dos séculos, fervilha cada vez mais com o passar dos anos.



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