next stop - Índia

Invariavelmente quando viajo para qualquer país tenho algo sempre em mente. Algo que quero ver ou, pelo menos tentar ver.
Ou seja, não viajo, porque sim. Tenho que ter um objectivo, um desejo, uma imagem prévia na cabeça. Um animal, um rio, uma montanha, um monumento, um deserto.

Para mim, que ainda não lá fui, e garantidamente de uma maneira redutora, a Índia é sinónimo de duas palavras: Varanasi e Ganges.
Duas palavras sagradas para os indianos, que representam o seu "cuore", o centro da sua cultura, aquilo que mais a caracteriza.

Na viagem que amanhã começa, há uma terceira palavra que fantasticamente vou poder aliar às outras duas: Holi.
As "Colour Run", o "Festival Happy Holi" que existe por cá e noutros países, foram importadas da Índia. Fazem tão pouco sentido como assistir a uma milonga de Buenos Aires no Coliseu de Lisboa.
O Festival Holi é genuinamente indiano e é na Índia que deve ser experienciado e sentido.
Tem uma elevada carga simbólica e religiosa que não está presente fora do país que lhe deu origem.

Tenho a certeza que poucas viagens me proporcionarão um choque cultural, social e religioso, tão grande como penso que vai acontecer com a Índia.
É a primeira vez que vou ser recebido por um país Hindu. O politeísmo hindu e sua mitologia há muito que me fascinam. Sou pouco dado ao monoteísmo. É monótono.
E faz mais sentido pensar em Deuses que um Deus. Os Deuses reflectem a condição humana com os seus defeitos e virtudes. Há amores e ciúmes, lealdade, traições e perfídia, guerras, alianças e vinganças.

Mas a Índia é uma babel religiosa. Sei que vou encontrar o budismo, cristianismo, o islamismo, o movimento hare krishna, a seita religiosa sikh e essa religião tão estranha e tão fechada que é o jainismo.

Desde há um par de semanas que sinto a delicadeza das asas das Borboletas das Viagens a esvoaçarem dentro de mim.
À medida que a partida se aproxima, amanhã, elas vã-se transformando nas poderosas asas Águias das Viagens. Mal posso esperar que esta viagem comece.