série "Rostos do Meu Rosto"

Acredito que as pessoas constroem as suas próprias faces, à medida que crescem.

Enid Blyton

Iraj tem um dos sorrisos mais luminosos que vi na minha vida.
Brincava com dois meninos da sua idade. Todos tinham as suas bicicletas pousadas no chão e esperavam à vez para beberem de uma fonte de água.
Com a minha aproximação, dois deles pegaram nas bicicletas e afastaram-se alguns metros com elas na mão. Apenas Iraj ficou.
Deixou-se fotografar com um à vontade tremendo. Nada incomodado ou inibido com a presença de uma câmara a algumas dezenas de centímetros do seu rosto.
Um pardal alegre, irrequieto e destemido, indeciso entre a interacção com estrangeiros e os companheiros de brincadeira.

Foi a mãe que me disse o nome do pequenito - Kabir - no mercado de Udaipur, Índia, quando lhe perguntei se podia fotografá-lo.
Sistematicamente Kabir voltava o rosto para o lado quando o fotografava, mas depois ardia de curiosidade para ver como tinha ficado na câmara. Não havia nada a fazer, era a fotografia possível.
Mas a fotografia dele de lado tem um poder e uma nobreza bastante grande. Kabir em indiano significa "o grande".

Iraj sorri na primeira fotografia e Kabir aparece na última.