Uzbequistão - o inquietante caso dos sorrisos dourados

Chegada ao aeroporto de Tashkent, controlo de passaportes.
O funcionário no guichet era sisudo, porte militar, gestos secos e automatizados.
Quando me devolve o passaporte, os lábios entreabrem-se ligeiramente e um estranho brilho dourado espreita entre eles.
Os locais que tinham partilhado comigo o voo desde São Petersburgo, de uma forma mais franca também os exibiam, e ao longo das quase três semanas de permanência no Uzbequistão, os sorrisos dourados fariam parte do meu dia a dia.

As capas douradas que muitos apresentam nos seus dentes é um pretenso sinal de ostentação de riqueza, de prosperidade e status. Começaram por ser de ouro mas devido ao preço deste e porque a prosperidade está longe de ser real neste país, há muito que deixaram de o ser.

O resultado é um misto de inquietante com fascinante. Não se está à espera de, literalmente, ver um sorriso amarelo. Tipicamente gostamos de ver dentes brancos, alinhados e bem desenhados. Quase exactamente o oposto do que vemos à nossa frente. Por vezes reflectem a cor da roupa vestida ou do batom usado, o que lhes confere um aspecto quase alien aos rostos.

Mas são tão fascinantes que é difícil tirar os olhos deles, e por muito que os vejamos ao longo de uma viagem, serão sempre poucos.





















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