next stop - Marrocos

Marrocos é um país muito importante na minha história pessoal.
Visito-o pela primeira vez na Páscoa de 2002, menos de um ano depois de ter mudado a minha vida de armas e bagagens para o Norte.
Vou para Alto Atlas para escalar o Toubkal. Foi a minha primeira incursão na alta montanha.
Uma tremendo nevão que duraria vários dias impediu-me de passar para além do refúgio do Toubkal. Em alternativa os mesmos dias previstos na escalada são gastos a fazer trekking na mais alta cordilheira do norte de África, a visitar aldeias berberes.
A visão, nesse ano, que tenho do Atlas, as neblinas a subir pelos vales, as encostas e os vales cheios de neve, onde apenas as pontas das rochas sobressaem do branco ainda hoje estão vivas na memórias: o Atlas com vestido de noiva.

É também a primeira vez que viajo para fora da Europa, é a primeira vez que sinto o choque cultural, que me iria viciar, e visito um país árabe e muçulmano.
Não me apercebo na altura, mas o Islão entra em mim. É com a visita à Turquia que ganho um maior conhecimento, uma admiração muito grande por esta religião, mal entendida, mal interpretada e mal amada.

Em Marrocos oiço pela primeira vez o som, que até hoje e mais que nenhum outro, me traz a consciência que estou fora do meu quintal, fora da minha casa, fora da minha cultura: as chamadas das mesquitas, dos imãs, dos muezzin, para as cinco orações diárias muçulmanas.
Em 2015 iria descobrir, no Irão, que uma interpretação diferente do Islão, o xiismo, rezam apenas três orações ao longo dia.

Regresso a Marrocos, também na Páscoa, no ano a seguir, 2003. O objectivo é de novo escalar de novo no Alto Atlas e depois caminhar para sul.
Sucesso total. Bom tempo, céus azuis, neve apenas no topo e nas zonas menos expostas. É o Atlas com vestido florido e primaveril.
Nove montanhas do acima do 4000m são escaladas, Toubkal e Toubkal Ouest incluídas.
El Jadida, a antiga Mazagão portuguesa, e as gargantas do Todra fazem parte dos postais da minha segunda viagem a Marrocos.

Não há duas sem três, diz o povo. É verdade. Regresso a Marrocos hoje. E também na Páscoa.
Desta vez escalar o Atlas fica de fora. Procuro as pequenas e grandes cidades, os seus souks. A cultura árabe, as cores das túnicas.
Saber que vou ter que negociar, quase até à exaustão, tudo e mais alguma coisa. Voltar a beber litros de chá de menta, saborear tajines e ouvir falar em "gazelles".
Redescobrir como as palavras vasto, imensidão ou aridez, fazem todo o sentido quando olhamos o poderoso Deserto do Saara de frente.





Comentários

  1. Que os olhares, os sabores e as sensações te interpelem e atropelem! ✨✨

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