dez anos, algumas histórias - Antigua, Guatemala

Guatemala, Março 2009


Mi casa es su casa

Antigua é um cidade colonial guatemalteca espectacular. Muito cénica, rodeada de vulcões com o extinto Agua a dominar a cidade. A imagem Agua, enquadrada pelo arco do Convento de Santa Catalina, é icónica.
É uma cidade colorida, afável, cheia de vida mas pacata, muito boa onda e com uma comida de rua fabulosa.
É bastante turística, mas não se rendeu ao mesmo conseguindo manter a toda a sua identidade. Penso nela da mesma forma que Hoi An no Vietname, com uma lógica do tipo: "venham todos até cá, gostamos muito de vocês, mas nós mantemo-nos como somos".
Por isso quando em Março de 2009 deixei Antigua para trás, fiz questão de levar algo daqui.


Tinha procurado algumas coisas nas bancas de rua, mas não tinha encontrado o queria.
Fiz uma primeira procura numa loja central, onde se podia encontrar todo o artesanato guatemalteco. Ao contrário do que usualmente se encontra nestas lojas, as coisas pareciam, de facto, genuínas e com preços comparáveis aos da rua. O artesanato era imperfeito, algo tosco, mas ainda assim bem feito.
Cumprimento o senhor que estava à porta, cirando pela loja alguns minutos e encontro algumas canas com rostos de velhos de longas barbas esculpidos ao longo dos seus corpos. Muito fixes estas canas.
Já tinha encontrado algumas assim nas ruas, mas os rostos esculpidos e as pinturas muito exuberantes e excessivamente coloridas não me tinham convencido.

Saio, agradeço ao senhor e este volta a cumprimentar-me. Quando apertamos as mãos, ele com o polegar, percorre a minha mão fazendo uma espécie de desenhos nela. Fui apanhado de surpresa e não retribuí. Preocupado, fiquei com a clara sensação que tinha falhado algum hábito de bem receber ou algum ritual, desconhecido para mim, de cumprimentar na cultura maia.
No entanto tencionava voltar e comprar uma das canas que tinha gostado. O que de facto aconteceu.

Desta vez ao cumprimentar, com o meu polegar, retribui-lhe os desenhos na mão. Confirmo a minha cana (que está pendurada na minha sala) e ao pagar, o mesmo senhor faz-me um desconto de arromba no preço da cana e entrega-me um post it com o nome dele, número de telefone e morada, dizendo:

Hola! Soy gay. Mi casa es su casa.

Fiz esta viagem à Guatemala há onze anos, em 2009. Ainda guardo comigo este post it.




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