série "Portas & Janelas" II - Antuérpia, Bélgica

Bélgica, Fevereiro 2020


"A lógica não cria magia" afirma uma janela em Antuérpia, na Bélgica.
A lógica existe para chegar a conclusões o mais sólidas possíveis, caminhando num trilho cheio de escolhos mas que um a um se retiram friamente do caminho para caminhar sem grandes sobressaltos e tropeções. A magia está em chegar, se possível, ao destino mas saltando de obstáculo em obstáculo, resvalando aqui e ali. Se a lógica é planeada e sensaborona, a magia é imprevisível e emoção.

Em finais de 1974, o realizador alemão Werner Herzog soube que uma amiga sua, também realizadora de cinema, chamada Lotte Eisner, estava muito doente e que provavelmente teria muito pouco tempo de vida.
Werner Herzog quis despedir-se dela mas meteu na sua cabeça que quanto mais tempo ele demorasse a chegar a Paris, cidade onde a amiga vivia, mais tempo ela viveria.
Assim, em vez de apanhar um avião que o levaria de Munique a Paris em hora e meia, o cineasta alemão decidiu ir a pé. E essa hora e meia transformou-se em três semanas.
Quando Herzog chega finalmente a Paris, Lotte Eisner contra as expectativas, estava ainda viva. De facto, ela só iria morrer vários anos depois.

Se tivesse ido de avião, estaria Lotte viva? Não sabemos. Foi uma decisão lógica? Claramente, não.
Preferiu os obstáculos à sua remoção e aconteceu magia. A amiga estava viva, manteve-se viva, e a aventura ainda deu origem a um livro fantástico.
Werner Herzog conta a história desta decisão e da respectiva caminhada no livro "Caminhar no Gelo", editado pela Tinta da China.
Este livro está numa prateleira que tenho, cujos livros estão todos relacionados com viagens, fotografia e mitologias diversas. Ou seja, uma prateleira repleta de magia.






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