dez anos, dez maravilhas VII - as pirâmides de Giza, Egipto

Grandes Pirâmides, Egipto - Dezembro 2010

Tempo. É algo de estranho. Enquanto corre no dia a dia não se sente ele a passar, não se sente as alterações que são introduzidas em nós, nas coisas. Mas quando há um marco na nossa vida, na nossa história, quando há um antes e um depois, percebe-se que algo que aconteceu. Que o tempo se acumulou. Que nós mudamos perante esse marco.

Temos uma escala de tempo normal, uma comparação temporal que nos permite situar com outras coisas, com outros acontecimentos. Ela está inscrita no próprio ser humano: o tempo de médio de vida da vida humana. Um valor que ronda os oitenta anos. Vive-se muito ou pouco tempo conforme nós morremos mais ou menos afastados desse número. Quem chega aos cem anos, um século, viveu muitíssimo, quem partiu aos vinte, foi cedo de mais. Compreendemos, percebemos e aceitamos esta escala porque ela é a nossa escala natural.
Mas e quando o tempo acumulado é de séculos? Ou mais ainda, de milénios? Que pensamos nós desta escala de tempo? Para a maior parte de nós não pensamos nada. É tempo demais, ultrapassa a nossa compreensão, ultrapassa excessivamente a nossa vida média humana, os tais oitenta anos.
Provavelmente encolhemos os ombros e fugazmente perpassa pela nossa cabeça algo despreocupado do tipo: - Ná! Isso é mesmo muito tempo, não é para mim. É tempo a mais.
Pessoalmente, estas escalas de tempo fascinam-me. Fazem-me reflectir na sua sobrevivência ao longo dos anos, na sua grandiosidade temporal. Fazem-me reverenciar essa coisa que acumulou tanto tempo. Vejo o tempo, a tal sobrevivência à passagem dos anos, como a prova de fogo, de valor, a prova suprema de um objecto, de uma obra, de uma ideia, de um conceito, pode enfrentar.

Por isso quando no Cairo, Egipto, toquei num dos blocos de pedra que constituem a base das pirâmides do planalto de Giza, fi-lo com carinho, com respeito, com reverência. Senti pelos meus dedos a passarem vários milénios de história.
As pirâmides têm qualquer coisa como quatro mil e quinhentos anos de existência. Mais de quatro milénios e meio depois, as perguntas, as dúvidas, o que está por desvendar é quase tanto quanto o que sabemos delas, das suas gentes e do ambiente que as rodeou. Quatro milénios e meio depois, humildes, ainda fazemos uma vénia perante o seu gigantismo físico e temporal, a sua perfeição geométrica, sobre o que nos ensinaram e sobre o que há a descobrir sobre elas.

 
Definitivamente, elas são absolutamente maravilhosas. Têm tanto de corpóreo como de etéreo. Há uma mística que se reafirma por cada ano que passa,
Pela passagem do tempo, pelo seu tamanho, pelos segredos que encerram, pelas questões que levantam, pela aura de mistério que as rodeia. Nada no mundo se equipara as estas três belezas. Na verdade, quatro. Não esqueçamos a enigmática Esfinge que exerce um fascínio sobre nós em nada menor que as suas três companheiras no planalto de Giza.









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