next stop - Paquistão

Paquistão, tal como o Irão ou o Sudão, é um país "maldito". 
Uma separação da Índia tumultuosa e sangrenta, com várias fronteiras com este país em conflito mais ou menos latente desde então. Longamente associado ao terrorismo, a bin Laden, a instabilidade política, história tumultuosa e a produção de droga, o Paquistão é um dos países menos visitados do mundo. E isto atrai-me de sobremaneira. 

Como os países que mencionei acima, sei por experiência própria que uma coisa é o país político, outra coisa é o país humano, cultural e paisagístico, e é por estes que viajo sempre. 
Não será certamente um paraíso para o viajante. Os padrões de conforto terão que ser ajustados e a lógica ocidental tem que ser deixada em casa. Flexibilidade mental e física são requisitos necessários. A filosofia e a lógica de funcionamento dos paquistaneses é muito própria.
Como em todo o lado temos que perceber, e aceitar, que há limites políticos, religiosos e culturais que não devem ser testados ou ultrapassados, mas sim respeitados. Uma questão de bom senso e razoabilidade.

O Paquistão, situado no sul asiático, faz fronteira com a China, a Índia, Afeganistão e Irão.
A sua história tem milénios de duração. A hospitalidade, generosidade e os códigos de honra dos paquistaneses são uma referência em todo mundo.
Aguardam-me bazares, mercados, arquitectura muçulmana impar, uma das melhores paisagens de montanha que o planeta pode oferecer, não esquecendo gastronomia e música que bastante admiro e espero conseguir comprar.

Mas este também é um momento particularmente triste e complicado para este país. Devido a monções anormalmente chuvosas e prolongadas, cerca de um terço do país está presentemente debaixo de água. O número de pessoas directamente ou indirectamente afectadas por elas é assombroso: numa população que ronda os 230 milhões, foram atingidas entre 33 a 35 milhões de vidas, cerca das quais 3 milhões são crianças.
O Paquistão é responsável por menos de um por cento das emissões globais anuais de gases de estufa, mas é um dos países mais afectados pelas alterações climáticas e as monções deste ano são a prova cabal disso. Um típico caso de injustiça climática.

Para o país que dentro poucos dias me irá acolher, irei levar medicamentos diversos, pastilhas desinfectantes de água, roupas e produtos de higiene masculina e feminina.
Já levei várias vezes alguma ajuda para países que me iam receber. Mas nunca tinha sentido a urgência, e o peso, dessa necessidade como agora. 
Viajar tem também esta quase obrigação, de podermos, de termos, de fazer a diferença para os países que menos são menos procurados, menos reconhecidos e divulgados pelo turismo.







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