next stop - Líbano e Síria

Quis o acaso que pouco depois de ter comprado voos e alojamentos para uma viagem para a Síria, este país tivesse sido afectado por um terramoto de magnitude 7.8. Horas depois, um segundo sismo, uma réplica de magnitude 7.8 voltou abanar e a destruir o que tinha sobrevivido ao primeiro. 
As imagens de destruição são apocalípticas, o sofrimento, dor e a angustia estão patentes em todos os rostos.
Um país devastado por mais de uma década, começou em Março 2011, por uma brutal guerra cívil liderada pelo regime de Bashar al Assad (activamente e cruelmente apoiada por tropas e mercenários de Putin) cinicamente ignorada pelo ocidente, levou agora com um segundo, e de novo, devastador golpe.

Pela primeira vez viajo para um país com alguma apreensão e com dúvidas sobre a utilidade, a ética e moral de uma viagem.
A segurança não é garantida. O risco de ataques por milícias armadas, violência e actos de terrorismo estão muito longe de serem negligenciáveis ou de até serem raros.
Viajar por definição é criar emoções e memórias positivas, poder interagir com locais, dar e receber. Quando estes têm as suas casas destruídas, são obrigados a ir para campos de refugiados ou se tornam deslocados no seu próprio país, sejamos racionais, as interacções com eles serão sempre difíceis, dolorosas e raramente trarão mais valias a quem visita e a quem é visitado.

Podemos sempre pensar que vamos injectar dinheiro na economia local, comprar, levar e doar o mais diverso material que será mais do que necessário. Mas desta vez talvez nem esse argumento possa ser invocado. Podemos fazê-lo a organizações, a ONGs, sabem o que fazer, que têm os meios e profissionais para o fazer eficazmente, que sabem quais e onde estão as necessidades mais urgentes.
 
Não sei o que vou encontrar, não sei que reacções os locais terão perante visitantes, qual o seu grau de hospitalidade num momento em que a sua sobrevivência, a procura de abrigo, de alimentação e o retomar das suas rotinas serão a maior das suas prioridades.

A Síria, tal como todo o Médio Oriente, é um lugar de histórias, de História, de civilizações e religiões. 
Um lugar, um país, que me fascina e que tem todos os predicados para me encantar. 
Mas agora... neste momento...
Não sei o que irei encontrar ou o que poderá acontecer enquanto estiver neste país, mas definitivamente terei que aceitar e compreender.

Com mais de 80 anos de conflito, entre finais da década de quarenta do século passado até ao conflito interno em 2021, o maior dos quais uma enorme guerra civil que durou quinze anos (1975-1990) e que levou à perda de aproximadamente 120 000 vidas, o Líbano é também um país flagelado pela morte e destruição. 
Sendo Beirute a porta de entrada por excelência para a Síria, seria um desperdício não tentar conhecer a capital libanesar. Os meus últimos dias desta viagem serão passados na sua capital, Beirute.
Espero encontrar modernidade, alguma antiguidade e cicatrizes de feridas velhas e recentes.

Síria e Líbano, dois países com milénios de história, fundamentais na história da humanidade e profundamente sangrados pela história recente e pela história clássica.
Duas bandeiras muito sofridas. 


     


























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