A meio caminho entre Hanoi e Ha Long Bay, o condutor da van que levava um grupo de viajantes para os barcos de Ha Long Bay fez um desvio da estrada principal e pouco tempo depois parou a poucas dezenas de metros de uma oficina de produção totalmente manual de vasos e outras pequenas peças de barro e de cerâmica.
Havia fornos de cozer feitos de tijolo e vários vasos em fases diferentes de produção, alinhados consoante o passo seguinte a dar. Havia poucas pessoas a trabalhar. Entre elas, duas senhoras pintavam vasos com decorações simples.
Uma tinha o seu vaso apoiado numa travessa de madeira à altura do seu peito. Inclinava-o com uma mão, num equilíbrio ditado pela prática, e pintava com a outra. Dessa mão, nasciam sequências de flores de lótus, todas pintadas a um azul pouco vibrante.
Enquanto a "equilibrista" tinha ganho a atenção das pessoas que comigo partilhavam o mesmo destino que o meu, eu procurei propositadamente a "elegância" da senhora, de olhos tímidos e castanhos profundos, da roda de oleiro. Com o seu consentimento puxei de um banco que estava num canto, sorri-lhe, sentei-me ao seu lado e fiquei a admirar o seu trabalho.
A sua peça estava colocada numa roda de oleiro que girava. Traçava linhas com segurança no topo do vaso. Ocasionalmente, entre duas linhas, ondulava a sua mão e curvas suaves e elegantes surgiam na superfície da peça que trabalhava. Parou, não pareceu que tivesse acabado, e traçou destramente cenas rurais — juncos, montanhas, árvores simples e casas — no corpo do vaso. Acabou o que tinha entre mãos, pegou noutro e recomeçou o trabalho num vaso completamente novo. A sequência de trabalho e de motivos foi exatamente igual.
No primeiro vaso fotografei apenas as suas mãos e o vaso onde trabalhava. No segundo, gradualmente aproximei-me do seu rosto e fotografei-a. Mostrei todas as imagens que tinha tirado. Tocou no ecrã em duas delas. Ambas mostravam o seu rosto. Das duas escolhidas pela artesã, escolhi esta.
Havia fornos de cozer feitos de tijolo e vários vasos em fases diferentes de produção, alinhados consoante o passo seguinte a dar. Havia poucas pessoas a trabalhar. Entre elas, duas senhoras pintavam vasos com decorações simples.
Uma tinha o seu vaso apoiado numa travessa de madeira à altura do seu peito. Inclinava-o com uma mão, num equilíbrio ditado pela prática, e pintava com a outra. Dessa mão, nasciam sequências de flores de lótus, todas pintadas a um azul pouco vibrante.
Enquanto a "equilibrista" tinha ganho a atenção das pessoas que comigo partilhavam o mesmo destino que o meu, eu procurei propositadamente a "elegância" da senhora, de olhos tímidos e castanhos profundos, da roda de oleiro. Com o seu consentimento puxei de um banco que estava num canto, sorri-lhe, sentei-me ao seu lado e fiquei a admirar o seu trabalho.
A sua peça estava colocada numa roda de oleiro que girava. Traçava linhas com segurança no topo do vaso. Ocasionalmente, entre duas linhas, ondulava a sua mão e curvas suaves e elegantes surgiam na superfície da peça que trabalhava. Parou, não pareceu que tivesse acabado, e traçou destramente cenas rurais — juncos, montanhas, árvores simples e casas — no corpo do vaso. Acabou o que tinha entre mãos, pegou noutro e recomeçou o trabalho num vaso completamente novo. A sequência de trabalho e de motivos foi exatamente igual.
No primeiro vaso fotografei apenas as suas mãos e o vaso onde trabalhava. No segundo, gradualmente aproximei-me do seu rosto e fotografei-a. Mostrei todas as imagens que tinha tirado. Tocou no ecrã em duas delas. Ambas mostravam o seu rosto. Das duas escolhidas pela artesã, escolhi esta.
Mostra a timidez dos seus olhos, o seu rosto bonito, e permite adivinhar a delicadeza do movimento.
Os que tinham estado com a primeira senhora, estavam agora a caminho da "minha" artista.
Tempo de me retirar.

sim senhor!
ResponderEliminarUma foto de um rosto pode dizer, de facto, muito. Mais do que palavras, por vezes. Ou pode até contradizê-las. São momentos que ficam imortalizados.
ResponderEliminarTodas estas fotos são belas! Todas! Cada uma à sua maneira...Pedaços de vida que nos mostras de forma muito genuína. Obrigada :)